Cresce mercado de frutas exóticas na Ceasa

30/11/2012

Os nomes são estranhos: kino, magostim, pitaya, abiu, decopon, cajá-manga, noni, physalis, jamelão, maná, jatobá, cherimóia, jambo, granadilho. Mas o sabor tem sido cada vez mais familiar na mesa do consumidor da região, como apontam dados da Centrais de Abastecimento de Campinas onde tem crescido a oferta das chamadas frutas exóticas.
“São variedades menos conhecidas num determinado local porque veem de outra região ou país onde são mais comuns, ou porque têm uma produção menor e, muitas vezes, dedicada a atender um determinado segmento gastronômico”, comenta o coordenador do Mercado de Hortifrutis da Ceasa, Márcio de Lima. Ele conta que o volume destas frutas, consideradas diferentes por aqui, aumentou muito nos últimos anos.
Desde 2010, explica o coordenador, cinco variedades exóticas entram na pesquisa de produtos que o Mercado realiza. Mas, em função do crescimento do volume destas frutas no mercado, está em estudo a inclusão de outras nove variedades menos comuns.
Segundo ele, o cajá-manga teve aumento de mais de um mil vezes no volume recebido na Central campineira, eram vendidos apenas 30 quilos em 2010, mas nos últimos doze meses já foram 348 quilos. O mangostim dobrou a quantidade comercializada em dois anos, subiu de 7,6 toneladas para 15.358 quilos.
O jambo saiu de 30 quilos comercializados em 2010 para 84 quilos nestes doze meses e a pitaya de 429 quilos para 1,07 tonelada. O sapoti foi a única que teve queda na quantidade registrada no mesmo período, de 147 quilos caiu para 83 quilos.
Lima acredita que um ciclo virtuoso explica este crescimento. “A melhoria da economia aumentou o consumo inclusive de novidades, que gerou uma oferta maior, que provocou maior acessibilidade no preço, que estimulou mais consumo e assim por diante”, conta o coordenador.
Além disso, ele cita o avanço nas condições de embalagem e logística destas frutas o que facilita sua entrada no Mercado. “Todas elas seguem as normas e padrões técnicos de maneira exemplar. São acondicionadas e transportadas dentro das melhores condições possíveis. Este padrão agrada e atrai os clientes”, conta.

Novos paladares
Na Casa da Uva, empresa permissionária da Ceasa, o supervisor de vendas Reginaldo Félix de Oliveira calcula um crescimento de 50% nos últimos quatro anos na quantidade de frutas exóticas que comercializa. Para ele o consumidor se abriu para outros paladares com a propagação da venda da lichia, fruta de origem chinesa que era desconhecida no Brasil há alguns anos, mas teve grande aceitação e hoje é comum no final de ano.

“Eu acho que a lichia deu uma alavancada neste processo. Os mercados começaram a procurar outras frutas diferentes, a exposição e divulgação maior delas fez com que aumentasse o consumo”, considerou.
Para o permissionário da Ceasa, Marcos Donizete Gruas, da Marcão Frutas, antigamente muitas destas variedades eram consideradas como “frutas do mato”, ou seja, que não tinham valor comercial. “Mas fomos trazendo estas frutas para cá, as pessoas foram conhecendo, experimentando e gostando e depois acabaram voltando a comprar”, explicou.
Conforme Gruas, houve aumento tanto na quantidade do comércio destas frutas quanto na variedade disponível para venda. “Há cerca de quatro anos no meu box tinha somente umas três variedades exóticas e hoje comercializo mais de 20. Eu vendia semanalmente umas 20 caixas de frutas como mangostim, graviola e seriguela, hoje saem cerca de 100 caixas de cada uma delas na semana”, conta ele.

Características

Entre as frutas consideradas exóticas há variedades que vem do norte de nordeste e que são mais usadas para suco como cacau, graviola, cupuaçu, cajá-manga e tamarindo. Outras viraram moda na alta gastronomia como o physalis, natural da Amazônia e bastante explorada na Colômbia, que decora e dá um toque refinado a doces e molhos. Ela é uma pequena fruta amarela que fica envolva numa casca seca semelhante à flor da primavera, cujo sabor é bastante incomum variando de uma leve acidez a um suave adocicado.
O sapoti também vem do nordeste tem a polpa mole e adocicada, de coloração amarelo-esbranquiçada e é fonte de vitaminas A, B1, B2, B5 e C, além de ferro. Maná e abiu são frutas da região amazônica. O maná é um tradicional alimento, medicinal e cosmético na Amazônia, Peru e Colômbia. O abiu tem a polpa bem carnuda, sabor doce e azedo. É rico em vitamina A, cálcio e fósforo.
O avocado é uma variedade do abacate que já está bastante difundido. É bem menor na aparência e tem uma consistência mais firme e sólida que o abacate comum, além de ter menos calorias e muitos aminoácidos, poderoso antioxidante capaz de prevenir doenças e de equilibrar os níveis de colesterol no sangue.
Entre os importados há o kino, uma espécie de pepino africano, que tem formato oval e laranja, com espinhos grossos, sabor agridoce, muita vitamina C e que vem da Nova Zelândia. Das américas há a cherimóia – da região dos Andes – parecida com a fruta-do-conde, com polpa cremosa e doce, rica em vitamina A e fibras. O granadilho é típico da América do Sul, parece um maracujá por dentro e por fora, mas é muito doce.  Contém vitamina A e fitoquímicos que agem na redução do colesterol, além de fibras solúveis.
A pitaya é originária da Ásia e Austrália, mas já é produzida no Brasil. Sua planta é um cacto. Ela tem um formato singular, parece uma flor exótica, semelhante a uma alcachofra, é rosada por fora e branca ou vermelho-roxo por dentro. Tem sabor leve e vitamina C, cálcio, fósforo e potássio.
De casca grossa e roxa, quase negra, e polpa com gomos brancos e suculentos e doces, o mangostin é nativo da Ásia e é cultivado no Brasil principalmente no Pará e na Bahia. É conhecida como a fruta da rainha, pois, diz a lenda, a rainha Vitória, da Inglaterra, considerou a fruta a mais saborosa do mundo. É rica em agentes fenólicos, substâncias altamente antioxidantes, que impedem a oxidação do colesterol “ruim”.
Desenvolvido no Japão, mas já produzido no Brasil, o decopon é um super cítrico, uma espécie de tangerina que chega a pesar até um quilo, não tem sementes e é muito doce.  A noni é uma fruta do américa central que vem sendo bastante difundida pela medicina natural, pois seus componentes nutricionais ajudariam a prevenir muitas doenças. É mais utilizada na forma de suco. Outra fruta exótica que surpreende pela aparência é o jamelão. Ele é grande, tem a casca rosada e muito parecida com uma peça de mortadela.
Duas árvores conhecidas no Brasil dão frutos que remetem à infância de muita gente e que hoje são frutas consideradas exóticas, por serem mais raras e valorizados para o comércio. É o jambo, do jambeiro e o jatobá, da árvore jatobá. Ambas são muito cultivadas na região do nordeste e podem ser consumidas ao natural. O jatobá é uma espécie de vagem que quando aberta tem um cheiro característico que costuma ser considerado ruim. O jambo tem diversas variedades, sendo o mais comum no comércio o rosa, com formato achatado.

Fonte: www.ceasacampinas.com.br

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